sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um pedido

Estou descobrindo que gosto de dar aulas. Quem diria, não? Quem me conhece do colegial sabe como sempre fui a "professora" da turma. Muitas aulas de física no meu histórico. Isso sem falar dos super resumos ditos a meus amigos minutos antes do professor entrar na sala.
Mas eu nunca achei que seria feliz dando aula. Meus amigos sempre disseram:
-"Você tem que virar professora! Você explica mil vezes melhor do que o/a _(insira nome de professor aqui)_!"
Então eu sempre pensava: "Eu? Ser professora? Ha! Até parece! Ficar em pé na frente de um monte de gente falando sem parar? Eu nem gosto muito de falar! Eles tão doidos!"
Não vou ser hipócrita, é claro que uma ponta de orgulho sempre aparecia quando eu recebia um elogio. Mas a minha vergonha sempre gritava mais alto e achava a idéia absurda no fim das contas.
A maioria que me conhece nem sabe ainda que dou aulas. Fui chamada a ser professora completamente de sopetão no fim do ano passado.
Eu sou "cdf" de coração. Amo estudar. Ler é comigo mesmo. Cursos livres? To dentro. E como é de costume de toda igreja cristã, pelo menos da maior parte delas, domingo de manhã é reservado para a famosa Escola Bíblica Dominical. Então, como toda boa cdf de coração, participo das aulas assiduamente desde 2005 (isso com exceção dos momentos em que estava completamente abarrotada com a faculdade).
Nesses anos todos já passei por três professores diferentes. A primeira era uma enfermeira apaixonada pelo estudo da Bíblia, que tinha feito um curso de teologia também. Uma figura de pessoa, gostava muito dela e das aulas dela. Ela sempre trazia um ponto de vista diferente no que se refere à lição a ser dada no dia.
A segunda foi uma professora que eu não gostava muito, sendo sincera. Ela sempre seguia o "roteiro" da revista, ficando as aulas um pouco cansativas, para não dizer chatas. Ela conhecia a bíblia, é verdade. Sabia dar aula, com certeza. Mas eu sempre sentia que faltava algo a mais, não sei bem. Coincidiou dela ser a professora na época em que a faculdade foi mais puxada, então juntava: o cansaço, trabalhos da faculdade e as aulas que não me animavam; acabava faltando direto.
Acabando a faculdade, decidi que não iria mais ficar faltando só por preguiça. Voltei a frequentar as aulas. Então conheci o novo professor. Na verdade já o conhecia das pregações que ele tinha ministrado, mas nunca o tinha conhecido pessoalmente. As aulas dele sempre foram as mais divertidas. Ele tem um dom maravilhoso. Ele consegue colocar uma pitada de humor em qualquer assunto. É super sério e importante o assunto? Ele consegue terminar de falar colocando um sorriso em nossos rostos e mostrando que é possível fazer o que quer que seja. Ele é o tipo de pessoa que vive o que prega, pelo menos tenta ao máximo. E como diria um amigo meu: "Quero ser igual o Pastor A. quando eu crescer".
Então no fim do ano passado o Pr. A. teve um sério problema de saúde na família dele. Creio que foi um dos momentos mais difíceis dele enfrentar até hoje. Quando ele começa a falar daquilo que aconteceu, mesmo já estando tudo resolvido, é possível ver lágrimas em seus olhos, mostrando como a ferida ainda está cicatrizando. Por conseqüência de todos os problemas ele nunca conseguia ir para a igreja no domingo pela manha para dar aula.
As vezes um outro pastor cobria a falta do Pr. A. Em outros momentos nos mandavam para outra sala que ficava ao lado da nossa para termos aula. Mas não era a mesma coisa. Com a falta do professor os alunos começaram a sumir também.
Mas, então, num belo domingo pela manha, eu chego na igreja para ter aula. Passados alguns minutos da minha chegada percebo que o Pr. A. não tinha vindo novamente. Fui atrás do outro pastor que geralmente cobria a falta dele (uma observação: ele é o pastor dos jovens da minha igreja, então seria o pastor diretamente responsável por mim). Ai faço a pergunta que me colocou na maior "enrascada" de todas:
-Pr. quem vai dar a aula hoje?
-Você! - ele diz olhando para mim com um sorriso no rosto.
Na hora eu pensei que era brincadeira, mas ele insistiu. Me colocou como professora substituta no dia. Ainda bem que Deus é bom e justamente no dia anterior eu tinha decidido ler a lição da revista que seria dada naquele domingo. Tenho certeza que foi por influência divina. Então, dei a aula. Só Deus sabe de que qualidade foi essa aula, mas enfim, já passou. No fim, o pastor me chama e pergunta se eu não quero ficar como substituta oficial até o Pr. A. voltar. Por algum motivo, eu tenho a maior dificuldade ndo mundo de falar "não", então aceitei.
Estou dando aula desde então. Sendo que ainda estou aprendendo a ser professora, a quantidade de alunos caiu muito. Chegou uma hora em que só ficou eu e o secretário na sala e foi aula particular pra ele.
No começo do ano o pastor voltou para a escola bíblica. Graças a Deus! Agora sou só a vice-professora. Só dou aula quando ele tem compromisso em outro lugar. E a quantidade de alunos tem começado a subir também.
Mas sabe o que eu tenho descoberto? Que contra toda a minha timidez, vergonha e quietude, eu gosto de dar aula. Gosto de estudar para preparar uma aula e de falar de tudo aquilo que Deus tem me ensinado.
Ainda tenho muito o que aprender sobre didática, é verdade. Todo que sei é simplesmente por sempre ter sido a "professora" da turma. Mas agora vou começar a buscar mais conhecimento. Quero ser melhor naquilo que gosto de fazer.
Por fim, fica o pedido: Você tem alguma dica para me dar?

Um comentário:

  1. Boa Katarina! Leia livros de pedagogia e de didática. Tem uma frase filosófica que diz assim: " Para você ensinar geometria para Pedro,conheça o Pedro tão bem quanto você conhece a geometria." Procure compreender o que seus alunos gostam,as dificuldades e lembre-se que o ensino é para eles.

    Beijão.

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